SINOPSE
Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma
paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e
cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que
qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança.
MINHAS CONSIDERAÇÕES
Esse é um dos meus livros preferidos da vida inteira, li a
primeira vez no auge dos meus 17 anos, e ter o privilegio de relê-lo com a
mente que tenho hoje, após quase 7 anos da primeira leitura, e em uma edição
tão fantástica como essa, foi algo incrível. Publicado a primeira vez em 1847,
O Morro dos Ventos Uivantes se tornou um dos grandes clássicos da literatura mundial,
além de ter sido o único romance escrito por Emily Brontë.
Não espere uma história de amor regada a flores e corações,
esse é um livro forte, com personagens instáveis que sofrem pelas mãos de um
destino cruel e amargo. Todos os acontecimentos decorrem do amor existente
entre Catherine e Heathcliff, e aos caminhos a que esse trágico amor leva
durante a narrativa.
A história nos é contada através de uma empregada do Morro
dos Ventos Uivantes, que esteve presente em todos os acontecimentos citados no
livro. Ellen Dean, mais conhecida como Nelly, é quem narra todos os
acontecimentos ao Sr. Lockwood, um dos personagens secundários da trama. Achei
essa sacada genial, é como sentar aos pés de uma lareira e ouvir alguém lhe
contar uma daquelas histórias que mexem com o nosso coração.
Catherine e Heathcliff, duas almas unidas que tiveram seus
sentimentos reprimidos pelas complicações da sociedade e de seus próprios
gênios tempestuosos. Eu nunca vou julgar nenhum dos dois por cada péssima
decisão tomada, acredito que faz parte da vida cometer erros. Da mesma forma
que acredito que aprendemos com os erros cometidos.
Heathcliff é alguém que ama demais, talvez esse seja o seu
maior pecado, pois chega a ser inacreditável que alguém com tamanho amor no
coração, se torne capaz de odiar com uma profundidade imensa e ser tão cruel.
Emily construiu uma história única, que traz um vislumbre
surreal da natureza humana e de seus aspectos mais primitivos, mesclando referências
ao mundo sobrenatural e a racionalidade. Sem sombra de duvidas, enquanto eu
viver falarei que esse é o meu clássico preferido da vida.
Se você deseja ler esse clássico, mas sente receio em
encontrar dificuldades na compreensão do texto, saiba que a tradução feita pela
Solange Pinheiro nesse exemplar da Martin Claret está espetacular.
QUOTES
“Possivelmente, algumas pessoas pensariam que ele tem uma
dose daquele orgulho de quem nasceu em uma condição mais simples; dentro de
mim, uma dose de simpatia me diz que ele não é nada disso: instintivamente eu
sei que sua reversa se origina de uma aversão a grandes demonstrações de
sentimento – de manifestações de mútua cordialidade. Ele irá amar e odiar,
ambos em segredo, e considerar um tipo de impertinência se, em retribuição, for
amado ou odiado.” (p. 24)
“- Eu amo o chão sob os pés dele, e o ar acima de sua
cabeça, e tudo que ele toca, e cada palavra que ele diz... Eu amo todos os
olhares dele, e todos os seus gestos, eu o amo por inteiro, completamente.
Pronto!” (p. 119)
“- Casar-me com Heathcliff agora me degradaria; por isso,
ele nunca vai saber quanto eu o amo; e o amo não por ele ser bonito, Nelly, mas
por ele ser mais eu do que eu própria sou. Não sei de que as nossas almas são
constituídas, mas a dele e a minha são iguais, e a de Linton é tão diferente
quanto um raio de luar de um relâmpago, ou a geada do fogo.” (p. 122)
“- Meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os de
Heathcliff, e eu vi e senti cada um deles desde o início; minha maior razão de
viver é ele. Se tudo o mais desaparecesse, e ele permanecesse, eu ainda
continuaria a existir; e, se tudo o mais permanecesse, e ele fosse destruído, o
Universo se transformaria em um completo estranho. Eu não seria parte dele. Meu
amor por Linton é como a folhagem nos bosques. O tempo vai alterá-lo, sei muito
bem disso, assim como o inverno altera as árvores. Meu amor por Heathcliff se
parece com as rochas sempiternas sob a superfície: uma fonte de pouquíssimo
prazer visível, mas necessário. Nelly, eu sou Heathcliff... Ele está sempre,
sempre em meus pensamentos; não como uma coisa prazerosa, não mais do que eu
sou sempre uma fonte de prazer para mim, mas, como meu próprio ser...” (p. 124)
“- Você acha que ela quase se esqueceu de mim? – perguntou
ele. – Ah Nelly! Você sabe que ela não se esqueceu! Você sabe tão bem quando eu
que, para cada pensamento que ela dirige a Linton, ela dirige mil para mim!”
(p. 208)
“- Eu não consigo viver sem minha vida! Eu não consigo viver
sem minha alma!” (p. 233)
“- ... Eu não consigo olhar para o chão, sem que os traços
dela não estejam fixados nas pedras! Em cada nuvem, em cada árvore...
preenchendo o ar da noite, e percebida por lampejos em cada objeto durante o
dia, eu estou rodeado pela imagem dela! A semelhança zomba de mim nas faces
mais comuns de homens e de mulheres, nos meus próprios traços. O mundo todo é uma
pavorosa coleção de lembranças de que ela existiu, e de que eu a perdi!” (p.
429)
Detalhes
Páginas: 457
Ano: 2019
Editora: Martin Claret
Skoob
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