Rainbow

RESENHA

   Somos apresentados a vida de Rainbow Walker, uma garota que leva o nome de arco-íris, mas que possui um estilo de vida nem um pouco colorido. Sentindo-se diferente das outras garotas da sua idade, não conseguia se abrir, ser mais expansiva ou se permitir criar vínculos afetivos com ninguém.

“Muitas vezes eu achava que estava sendo dura demais em meus julgamentos, mas a verdade era que as pessoas me irritavam. Então, preferia ficar sozinha.” (página 16)

   Sendo a filha mais velha de uma família de pais hippies que tinham a filosofia do espírito livre que vive em harmonia com a natureza, era de se esperar que ela compartilhasse do mesmo modo de vida. Mas Rainbow e seus irmãos gêmeos mais novos Storm e Sunshine eram completamente diferentes do estilo de vida alternativo que os pais levavam.

“Já eu... não fazia ideia da razão de levar um nome tão colorido quando eu estava me sentindo completamente cinzenta por dentro.” (página 23)

   Como a filosofia de vida hippie era a de não criar vínculos em um único lugar, Rainbow e sua família se mudavam de casa constantemente. Esse era um dos fatores preponderantes que a impedia de criar qualquer tipo de vinculo com outras pessoas que não fossem os próprios membros de sua adorável família.

“A dificuldade em me adaptar estava exatamente em mim mesma. Eu culpava o mundo, quando, na verdade, deveria fazer uma autoavaliação e ver se conseguiria encontrar uma forma de ser alguém mais fácil de conviver.” (página 30)

   Quem diria que em mais uma das várias mudanças de casas e colégios em que nossa garota já passou, a última mudaria tanto a sua vida. Em mais uma nova cidade, um novo colégio e novas pessoas, o destino decide colocar Thomas Reynard na pacata vida de Rainbow. Um garoto extremamente carinhoso, gentil e que enxerga nela coisas que jamais viu em qualquer outra garota. Um furacão devastador que se choca com um vulcão adormecido.

   Rainbow tenta se adaptar a nova vida e passa a contar com a ajuda de Thomas, mesmo ainda se fechando em sua parede de sentimentos. Não era fácil para ela permitir que novas pessoas entrassem em sua vida. Principalmente um garoto tão maravilhoso e único como Thomas, mas que infelizmente possuía uma mancha no passado que voltou para tentar estragar a felicidade e a vida dos dois.

“Quando as pessoas chegavam muito perto, eu tendia a me inclinar para os lados. Quando cotovelos se tocavam, eu me afastava. Quando as pessoas se sentavam muito próximo, eu puxava minha cadeira para mais distante.” (página 49)

   O ensino médio pode ser uma experiência bastante dolorosa e cruel para os adolescentes, e Rainbow sente isso na pele a quase todos os momentos. Mas ela jamais pensava que sua vida iria mudar tanto ao ponto de se transformar em outra pessoa completamente diferente, uma pessoa viva como as cores do arco-íris e descobrir o poder do amor.

“Rainbow Walker me atingiu como um trem desgovernado.” (página 56)

   Uma história maravilhosa sobre autoconhecimento, aceitação, o primeiro amor, o poder da família, a liberdade de ser exatamente quem você é. Martinha criou algo maravilhoso demais ao dar vida à Rainbow e os dilemas de sua existência. É impossível não sentir na pele todos os conflitos e aflições que nossa garota passa, colocar-nos em seu lugar e pensar: o que eu faria? Como reagiria a tal acontecimento? Eu seria forte o suficiente para passar por isso de cabeça erguida?

“Mas, desde que Thomas Reynard chegou com aqueles olhos verdes perscrutadores, me desafiando a sair da concha na qual me enfiei, passei a questionar minha decisão de ter me enclausurado dentro de mim mesma.” (página 96)

   Rainbow é uma garota que poderia ser eu, você, sua prima, sua vizinha, alguém particularmente normal, mas especial de uma forma única. Thomas é o garoto que habita os sonhos de todas as garotas; compreensivo, cavalheiro, carinhoso, extremamente romântico e que jamais desiste de correr atrás da garota dos seus sonhos.

   Não posso me esquecer da família incrível de Rain, apesar de algumas decisões controversas ela possui pais incríveis e que amam os filhos. O estilo de vida hippie sem amarras às vezes dificulta o amor, mas é notável que ele existe. Storm é o típico irmão super protetor apesar de ser mais novo, e que defende as irmãs de tudo o que vier pela frente. Eu amei esse garoto, uma verdadeira figura. Sunshine é a irmã que todos deveriam ter, alguém para sempre nos colocar para cima, nos apoiar e estar sempre ao nosso lado. Eu mal posso esperar para ler os livros dessas duas peças raras.

“Eu mesma era cristã. Mas não porque meus pais ensinaram. E sim porque nas aulas de religião de algumas escolas que frequentamos havia sido aquilo com que eu me identificara. Acreditar em um Deus maior, que teve um amor tão grande por nós que foi capaz de dar seu filho para que morresse na cruz e nos salvasse. Eu amava essa crença. De saber que havia um Deus que cuidava tanto assim de nós, seres mortais e falhos.” (página 120)

   Agora meu caro leitor, você deve estar se perguntando se eu gostei desse livro certo? Preciso lhe confessar algo: EU AMEI DEMAIS. Havia tanto tempo que não lia uma história tão linda e especial assim. Senti-me muito ligada à Rainbow e quando acabei o livro entrei em desespero: “o que eu farei sem essas pessoas agora? Como vou continuar vivendo sem saber mais sobre o crescimento da Rain? E Thomas que virou o meu novo queridinho dos romances, como dar adeus a ele?”

“— Não sei como, mas você tem conseguido perfurar as camadas de proteção que eu havia tecido em volta de mim. E, se antes eu não tinha laços, acabei encontrando um forte motivo para bater o pé e não querer ir embora.” (página 141)

   Corri para ler o conto do livro (obrigada de coração por isso Martinha): A garota dos meus sonhos e me apaixonei mais uma vez por Rainbow e Thomas. A história desses dois é uma das coisas mais lindas que já foram escritas, e aquece o coração de uma forma mágica. O amor verdadeiro é maior que tudo no mundo, e nada muda isso.

“Thomas apenas extraía os sentimentos que sempre fiz questão de deixar trancados e bem guardados, porque no fundo, no fundo, eu sempre soube que sentimento tem muito a ver com sofrimento. Não é à toa que as duas palavras começam com “s”. E ainda rimam lindamente em um poema fajuto qualquer. Isso é um fato incontestável.” (página 237)

   Martinha entrou para o meu rol de autoras preferidas da vida. Essa mulher tem o dom da escrita e merece ser enaltecida. É a segunda obra dela que leio e posso garantir que lerei tudo o que ela publicou ou publicará daqui para frente. Recomendo a história de Rainbow com todo o meu coração, e se preparem para fortes emoções. 

Detalhes

Páginas: 288

Autora: M; S. Fayes

Editora: Pandorga

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