Fisheye


SINOPSE
Aos dezesseis anos, Ravena Sombra descobre que não é perfeita: após um acidente numa festa, ela é diagnosticada com retinose pigmentar, uma doença sem cura que degenerará a sua visão gradativamente.
Com o mundo pelo avesso, a adolescente inicia sua jornada em busca do amadurecimento e da superação, numa narrativa intimista à procura de se entender e de se descobrir. Ao longo do caminho, contará com a ajuda do melhor amigo de infância, da sua implicante e carismática irmã, de uma velha polaroid com nome de música dos Beatles e de um violinista cuja pele é marcada por cicatrizes e os olhos de um azul infinito como o céu.
No meio de tanto caos, Ravena vai entender que crescer não é um processo fácil e que sim há beleza em enxergar o mundo do seu jeito peculiar e especial.


MINHAS CONSIDERAÇÕES

Alguns livros fazem você refletir profundamente sobre a história que eles trazem. Fisheye foi um desses livros, me fazendo refletir sobre a vida, as pessoas, o futuro e as decisões que tomamos.

Eu estava com as expectativas nas alturas sobre esse livro, e logo no primeiro capitulo já me conectei a história. No terceiro capitulo fiquei tão emocionada que as lagrimas surgiram. A Kami criou uma personagem tão incrível e com uma sensibilidade tão grande em demonstrar como se sente, que eu própria passei a me sentir na pele da Ravena.

Ainda não sabia sobre o que era a retinose pigmentar e essa descoberta foi um verdadeiro choque. Eu tenho miopia (para longe) e astigmatismo, uso óculos desde os 12 anos, e meu grau só aumenta (hoje tenho 3,0 no olho esquerdo e 3,5 no direito), não enxergo nada sem óculos, praticamente nem os meus dedos dos pés na hora do banho, a noite minha visão é um pouquinho pior. Mas isso não chega nem aos pés do que é a retinose pigmentar, e isso destruiu o meu coração.

A história da Ravena me mostrou que a vida de ninguém nunca é perfeita, todos estamos suscetíveis a tragédias, doenças e calamidades, mas cabe a nós sabermos como enfrentaremos as dificuldades de cabeça erguida e com o melhor sorriso no rosto, pois só o fato de estarmos vivos, já é o verdadeiro milagre.

Daniel, aaaaah... Daniel. Esse personagem sem sombra de duvidas foi um dos melhores que já tive o privilegio de conhecer. Que rapaz incrível. Se tornou a âncora que a Ravena precisava, e mesmo ela já tendo um grande melhor amigo (Micael te amo), Daniel foi aquele que estava sempre ao lado dela, sem pedir nada em troca, apenas sendo a pessoa maravilhosa que ele é, e que conquistou o meu coração também.

Amei todas as citações ao universo de Star Wars, aos clássicos antigos e principalmente a minha banda preferida da vida, The Beatles com a minha musica preferida, Hey Jude. Coisas assim só fazem um leitor se apaixonar profundamente pela história.

Chorei? Chorei sim, como se toda a água do meu corpo estivesse saindo pelos olhos, mas me encantei por esse livro de uma forma única e especial. Ravena e sua história serão eternizadas em meu coração. 

“Mal dava para ver meio metro diante dos meus pés! De repente, o mundo virou uma espécie de produção do Tim Burton...” (p. 9)
“Era esquisito perceber que o belo e o horrível podiam habitar a mesma pele e montar a feição da mesma pessoa.” (p. 54)
“Fugi de quem eu pudesse fugir.
Só não dava para fugir de mim mesma.” (p. 66)
“- Seria legal deixar um legado das coisas bonitas que vi enquanto pude. Assim, as pessoas saberiam que meus olhos priorizaram a beleza em vez de dar atenção apenas àquilo que nos deixa tristes.” (p. 90)
“Falar sobre a retinose pigmentar era assumir que ela existia e que estava dentro de mim. Conversar sobre aquilo era admitir a doença como verdadeira.” (p. 120)
“- É como... Olhar por um canudo – comecei. – Quando você olha pelo orifício, só vê o que está do outro lado, mas não enxerga tudo o que está à sua frente... Meus olhos são como canudos, Mick, só me permitem enxergar por um buraquinho. E, com o tempo, a abertura deles vai diminuir muito, até não existir mais nenhuma fenda.” (p. 127)
“...porque, como num lapso de genialidade, havia percebido que eu poderia ser como os pequenos vidros do caleidoscópio. Eles ainda se reorganizavam harmonicamente depois de uma mudança brusca no curso, eles ainda conseguiam ser belos mesmo que o tubo continuasse a se movimentar sem avisá-los do que estava por vim. Eles sempre encontrariam uma forma de se adaptar.” (p. 143)
“- Você não é sua doença, então não deixe e não sinta pena de si mesma. Tanto eu quanto você somos apenas duas pessoas diferentes à nossa maneira e isso não é motivo para receber a piedade de ninguém.” (p. 178)
“- Você é um dos verdadeiros pontos de luz que eu tenho, Ravena – admitiu, com a respiração entrecortada por alguns soluços que lhe escapavam. – É uma das poucas coisas que me faz querer me manter de pé.” (p. 228) 
“- É como... se você fosse uma fisheye – Lara soltou de repente, com um sorriso de quem havia descoberto a América.” (p. 242)
“Talvez eu seja mesmo uma espécie de fisheye, como você falou. Uma fisheye que tenta ser uma Polaroid, querendo registrar tudo de imediato porque tem medo de não poder ais fazer registros.” (p. 243)
“– Por que Deus não me fez seu irmão de sangue? – perguntou, deixando suas ruínas caírem, enfim. Senti lagrimas contra a minha pele.- Porque a relação que a gente tem é de alma – respondi, depositando um beijo na sua testa. – E não há carne que supere isso.” (p. 279)

Detalhes

Páginas: 316
Ano: 2017
Editora: Wish
Skoob

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